domingo, 12 de dezembro de 2010

Inacabado

Triste dia sem sol
de gotas alegres e trepidantes
que dançam cantando
aos ouvidos dos amantes

É o canto da saudade
aquela que ainda vou sentir
da nossa velha amizade
e das noites sem dormir

É o fado choroso
de um conto de fadas
que um humorista contou

É a bossa malandra
da roda de samba
que ainda não terminou


Josiane Canterle, 12 de dezembro, 2010

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Triste estranho

O meu jeito é meio estranho
Ninguém me entende, sou sozinha
Se digo que amo, riem de mim
Se digo o que penso, não vale nada.
De que vale a vida se não dá pra sonhar
Se não dá pra amar...
Incompreendida!
Das palavras que escrevo surgem dúvidas
Sim, não sou racional
Não sei pensar antes de sentir
O meu sentimento é maior do que eu
O meu amor é maior do que eu
O amor que sinto por você é muito maior
Disso você jamais poderá duvidar
Que te amei, te desejei todos os dias
Te fiz retrato em meus pensamentos
Perfume em minha cama para adormecer
sem teus braços quando não estavas aqui
Te quis tanto, que te deixei livre
E agora posso te perder
Tentei imaginar esse momentos tantas vezes
Mas não sou criativa para finais tristes
E será muito triste eu sem você
Eu serei triste sem te ter
Quero continuar sendo feliz
Ter a mão mais afável que já conheci
O melhor carinho, o companheiro
Será eterno, pra todo sempre te levarei comigo
E se você me permitir, te levo inteiro
E não somente na lembrança do que fui
E se me perguntarem o que fui
Direi: Feliz!
Porque encontrei um amor único, irrepetível!

Josiane Canterle - Abril/2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

a implosão da mentira

Affonso Romano e a implosão da mentira

Por Nicolas Timoshenko
No dia 08 de abril de 2010 o poeta Affonso Romano publicou em seu blog o seguinte (e nós dos blogs que tratam de literatura repercutimos):
Me vejo obrigado a uma vez mais a desmentir um texto que continua a circular doidamente na internet com meu nome.
Agora piorou. Adicionaram o seguinte:
"Esse texto deve se tranformar na maior corrente que a internet já viu, para que na época das eleições consigamos frear a escalada do mal!".
Favor divulgar o poema correto que não tem nada a ver com a contrafacção que anda pela internet, este poema é de 1984, escrito durante a ditadura e o episódio do 'RIO CENTRO'
A Implosão da Mentira
Affonso Romano de Sant'Anna
Fragmento 1
Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo e alma, completamente.
E mentem de maneira tão pungente
que acho que mentem sinceramente.
Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegre/mente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.
Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases
falam. E desfilam de tal modo nuas
que mesmo um cego pode ver
a verdade em trapos pelas ruas.
Sei que a verdade é difícil
e para alguns é cara e escura.
Mas não se chega à verdade
pela mentira, nem à democracia
pela ditadura.
Fragmento 2
Evidente/mente a crer
nos que me mentem
uma flor nasceu em Hiroshima
e em Auschwitz havia um circo
permanente.
Mentem. Mentem caricatural-
mente.
Mentem como a careca
mente ao pente,
mentem como a dentadura
mente ao dente,
mentem como a carroça
à besta em frente,
mentem como a doença
ao doente,
mentem clara/mente
como o espelho transparente.
Mentem deslavadamente,
como nenhuma lavadeira mente
ao ver a nódoa sobre o linho. Mentem
com a cara limpa e nas mãos
o sangue quente. Mentem
ardente/mente como um doente
em seus instantes de febre. Mentem
fabulosa/mente como o caçador que quer passar
gato por lebre.E nessa trilha de mentiras
a caça é que caça o caçador
com a armadilha.
E assim cada qual
mente industrial/mente,
mente partidária/mente,
mente incivil/mente,
mente tropical/mente,
mente incontinente/mente,
mente hereditária/mente,
mente, mente, mente.
E de tanto mentir tão brava/mente
constroem um país
de mentira
diária/mente.
Fragmento 3
Mentem no passado. E no presente
passam a mentira a limpo. E no futuro
mentem novamente.
Mentem fazendo o sol girar
em torno à terra medieval/mente.
Por isto, desta vez, não é Galileu
quem mente.
mas o tribunal que o julga
herege/mente.
Mentem como se Colombo partindo
do Ocidente para o Oriente
pudesse descobrir de mentira
um continente.
Mentem desde Cabral, em calmaria,
viajando pelo avesso, iludindo a corrente
em curso, transformando a história do país
num acidente de percurso.
Fragmento 4
Tanta mentira assim industriada
me faz partir para o deserto
penitente/mente, ou me exilar
com Mozart musical/mente em harpas
e oboés, como um solista vegetal
que absorve a vida indiferente.
Penso nos animais que nunca mentem.
mesmo se têm um caçador à sua frente.
Penso nos pássaros
cuja verdade do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas flores
cuja verdade das cores escorre no mel
silvestremente.
Penso no sol que morre diariamente
jorrando luz, embora
tenha a noite pela frente.
Fragmento 5
Página branca onde escrevo. Único espaço
de verdade que me resta. Onde transcrevo
o arroubo, a esperança, e onde tarde
ou cedo deposito meu espanto e medo.
Para tanta mentira só mesmo um poema
explosivo-conotativo
onde o advérbio e o adjetivo não mentem
ao substantivo
e a rima rebenta a frase
numa explosão da verdade.
E a mentira repulsiva
se não explode pra fora
pra dentro explode
implosiva.
(Poema publicado no JB em 1984, quando do episódio do Rio Centro e em diversas antologias do autor. Está em "Poesia Reunida" - L&PM,1999, v.2)

domingo, 12 de setembro de 2010

Na luz do teu olhar


NA LUZ DO TEU OLHAR 

 
(22º Carijo da Canção Gaúcha – Palmeira das Missões/RS)

Autor: Rômulo Chaves
Músico: Piero Erno
Intérprete: Jean Kirschoff








Talvez uma estrela se faça sinuela pra este brilho teu
Ou quem sabe o vento perceba o lamento deste meu canto
Que esta guitarra soltou as amarras de um jeito meu
Trazendo a essência da flor da querência nos teus encantos

Minha nostalgia nestas noites frias se faz companheira
E a seiva do amargo, um vício que trago, me acalma um pouco
Amanso esta vida buscando guarida no olhar da boieira
Na luz que me guia sou parco em poesia buscando teu porto, buscando teu porto

Então no momento em que meu sentimento busca teu destino
A rima singela te traz às janelas do meu sonhar
Pra ser feliz no rancho que fiz no rincão sulino
Me sinto completo tendo por perto a luz do teu olhar

O meu coração que já foi redomão se quedou tão manso
Meus olhos curtidos ficaram perdidos querendo te ver
Na noite xirua, na calma da lua, me trouxe remanso
Busquei meu caminho seguindo os carinhos do teu bem querer

Com sinceridade sem meias verdades te digo o que sinto
A inspiração me deu voz e canção pra o teu agrado
Pois sei que preciso ganhar teu sorriso por isso não minto
Te digo que amo, em meu peito te chamo: vem ficar ao meu lado. Vem ficar ao meu lado!

Então no momento em que meu sentimento busca teu destino
A rima singela te traz às janelas do meu sonhar
Pra ser feliz no rancho que fiz no rincão sulino
Me sinto completo tendo por perto a luz do teu olhar

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Remoendo o passado

Não sei porque eu insisto em olhar fotos, tantas fotos felizes que me deixam tão triste. Já hoje a tarde falava com uma amiga querida, uma pessoa maravilhosa que vim a conhecer recentemente, que sou daquelas pessoas que vivem mais de passado do que de futuro, que trago no peito as memórias todas, boas e ruins, das minhas vivências.
Ao rever as fotografias, que são imagens fixas do passado, vejo tantos sorrisos e momentos felizes em rostos de pessoas que amei que ainda amo muito. A tristeza vêm quando não posso estar mais tão próxima de quem eu amo, daquelas pessoas com quem verdadeiramente partilhei uma amizade sem enganos e nem decepções. Mas hoje, o sentimento que grita mais forte é o de mágoa quando vejo sorrisos de pessoas falsas, parecendo ser “a (o) melhor amiga (o) do mundo” e de todos.
Me pergunto, podem existir pessoas com tamanha capacidade de enganar pessoas e ainda se fazerem de “santinhas” e “inocentes” como quem nunca fez nada e não sabe de nada? Pode ser uma bela escola de teatro que tais pessoas participam porque para mim é impossível imaginar.
Ainda na conversa com esta minha nova senhora amiga, revelei a ela que sou também dessas pessoas que não esquecem facilmente as traições e que leva muito tempo para conseguir perdoá-las. As feridas ficam abertas e ao menor grão de poeira elas sangram freneticamente.  
Pois é, eu sou assim, e por não esquecer esses sentimentos ruins e, o pior, ainda cultivá-los, fico mal, choro sozinha, escrevo meus desabafos, e, quando a raiva toma conta, penso que não há nada que o tempo e a distância não possam curar. Novos amigos e amigas virão em cada nova investida da minha vida e novamente as alegrias e decepções estarão juntas.
Amarei para sempre aqueles que são verdadeiros, jamais esquecerei as falsidade.

domingo, 22 de agosto de 2010

Sou da noite

As noites sempre companheiras
Dos sonhos, das viagens acordadas
Das leituras tantas e verdadeiras
Que antecedem o sono aguardado

Noites que chegam sempre de mansinho
Embriagando com o cheiro do orvalho
Aqueles que ousam com um versinho
Escrever um conto qualquer e falho

Vestistes negro como uma bela dama
Ou uma jovem em inflorescência
Que borda pedras de brilhantes mil
Iluminando o negro por essência

Te tornastes amante dos poetas
Inspiração dos amantes
Sonho dos prisioneiros

És a rainha das festas
Companheira dos viajantes
E minha por inteiro.

Josiane Canterle, 22 de agosto de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Poluição

Quem me dera ter o poder mágico de descobrir o fantástico onde aparentemente não há.
De poder voar para onde o coração enxergar a flor mais linda, e o melhor perfume, e a mais bela paisagem, e a mais suave brisa que lhe for aprazível.
Neste instante estaria distante, das pessoas e das coisas que me rodeiam. Estaria só, comigo mesma para refletir que sentimento resta de tudo o que eu sou.
Não me identifico com meu habitat. Meu ambiente está poluído, mal cuidado. Será que não fui cuidadosa o suficiente para preservar o meu lugar?
O lixo se acumulou e ficou fétido ao meu redor e eu só fui perceber quando os corvos se achegaram e me rodearam em ciranda.
Sim, eu sou a unica responsável por tudo isso! Só eu posso cuidar do meu ambiente! Se o lixo se acumulou foi irresponsabilidade minha!
Preciso encontrar a forma certa de espantar os corvos e remover estes restos putrefatos que se acumulam ao meu redor!
Preciso vencer o medo de ver o horizonte livre e colorido exalando a mais pura relva livre!
Sim! Liberdade! Te quero sentir de novo, como pássaro livre, como vento, como vida!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sexto sentido saudade

Será sempre assim a cada partida?
O coração doendo em saudade
E a tua imagem sempre refletida
Em minha mente por vaidade?

Vejo teus cabelos curtos e negros
Sobre a tua face morena
E o brilho também negro dos olhos
Amendoados que se apequena

Lindos olhos e doces olhares
Que enxergo na minha lembrança
De canto, por baixo, discreto,
Que quando sedento me avança

E a boca que na saudade me toca
Desenhada a mão com traços generosos
Tão bela, tão simples, tão forte
Que me beija com beijos dengosos

A barba mal feita que me arranha
A pele e arrepia, faz manha
A respiração molhada me assanha
Em minha orelha tua boca me ganha

Sim, será assim a cada partida tua
A ausência refaz tua imagem
Nas casas, nas árvores, na lua
Me leva em uma viagem
Sentindo na minha, tua pele nua.


Por Josiane Canterle 
27/07/2010

sábado, 24 de julho de 2010

Dicas! Dicas! Dicas!

Galera, encontrei este blog que, além de belos textos, diponibiliza documentários on-line.
Conheçam e aproveitem!!!
beijocas!

passeando pelo cotidiano

E a Cor?

Passei pelo quarto que estava com a porta totalmente aberta. Eu olhei curiosa lá para dentro.
Ela estava aparentemente nua, apenas com um lençol amarrado em volta dos míseros seios no feitio de uma canga de praia. Os cabelos ralos e ruivos presos com um lápis no alto da cabeça. Quando nosso olhar se trocou ela sorriu e eu devolvi.
Achei-a tão bonita que lhe disse num rompante:

- Puxa! Você é um charme!

Ela, muito espantada, me perguntou se eu não tinha reparado que seu esqueleto estava desprovido de carne, que tinha apenas trinta e dois quilos de revestimento em 1.70cm de altura.

- Sim, reparei e até pensei que você fosse uma dessas manecas anoréxicas.
- Quem dera! Começou no útero agora está em trocentos lugares.
- E essas flores lindas que enfeitam seu quarto?
- Trazidas pelo homem que me amou.
- Separaram-se quando você adoeceu?
- Um pouco antes. É deprimente perceber que quem tanto nos envolveu, já não gasta seus olhares e sorrisos conosco. Não se desvia de suas prioridades, e nós, ah! Que dó de mim, não fazemos mais parte delas. Apenas nos diz que as coisas estão complicadas e está sempre ocupado, atrapalhado, mas não se vai de vez pelo que representamos um para o outro um dia. Flores costumam aplacar crises de consciência.
- Muita mágoa?
- Misto de sentimentos estranhos. Ainda existe carinho, embora bem retraído, não existe desprezo, nem hostilidade. É um surto de ausências: de palavras, gestos, sorrisos, lágrimas comungadas, promessas silenciosas. Chama apagada de quem jurou o eterno e um monte de frases feitas: Conte comigo a qualquer hora, liga pra mim quando precisar. Tanta formalidade para quem já trocou tanto beijo.
- Que droga você ser inteligente o bastante para perceber que não existe infinito.
- Quer coisa mais transitória do que a vida? A minha então...
- Tento lhe dar esperanças?
- Não. Tenta apenas me distrair. É sua mãe que você acompanha?
- Irmã.
- Onde?
- Pulmão
- Quer falar sobre isso?
- Não.
- Você está sempre com livros. Lê muito?
- Sim e também escrevo.
- Escreveu algum livro?
- Amanhã lhe trago o último.
- Sou Lia. Quero dedicatória.

Teve o amanhã e outros poucos depois dele. Comentou até a minha crônica "Qual é a cor da saudade". Permaneço sem saber a cor dela.


Ps: A dedicatória:
A vida acaba nos trazendo conhecidos, amigos, amores, pessoas que estiveram muito ou pouco conosco, mas que farão parte de nossa história. Algumas chegam no prefácio, outras no epílogo. Às vezes aquelas que imaginávamos cadeira cativa viram ausências, mas não menos história, e outras que trocamos apenas dois ou três dedos de prosa, dependendo do momento, são as que fazem o corpo do livro.
Você já é mais que um parágrafo em minha vida.

Por Rosa Pena - Texto extraído do livro "Tarja Branca" (All Print Editora - 2010).

http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6539671914291162906
Recomendo:

terça-feira, 20 de julho de 2010

Meus Amores Amig@s

Hoje é dia do amigo, e da amiga também. Por que existir uma data para homenagear essas pessoas que são tão importantes todos os dias de nossas vidas? Me perguntei ainda há pouco enquanto pensava se mandaria mensagens de felicitações pelo orkut.
Sim, @s amig@s são imprescindíveis sempre! E, penso eu, por serem tão especiais e tão cotidianos merecem uma data especialmente para el@s, para que a gente tenha a chance de fazermos o que não fizemos nos outros 363 (ou 364) dias do ano: dizer o quanto os amamos!
Hoje a tarde, enquanto colhia as lavouras de chá branco na minha “Mini Fazenda”, escutava a novela das seis e me chamou atenção em algo que foi dito. Era uma cena onde um dos personagens se declarava falando do seu amor à personagem amada, e este amor surgira da admiração que ele sentia por ela. Isso me fez refletir sobre as pessoas que eu amo e só então percebi o quanto os admiro, e a cada um de uma maneira diferente.
Há aqueles que conquistaram minha admiração pela capacidade de se relacionar com as pessoas, outr@s pela sinceridade, ou ainda, pela capacidade de doação, pela solidariedade, pela dedicação com que perseguem seus objetivos, mas acima de tudo, os admiro pela fidelidade com seus princípios, valores e pela capacidade de assumir uma personalidade impar.
Sim, eu amo meus amig@s por serem quem são, pelos defeitos e qualidades que os dignificam como seres humanos. Amo-os como pessoas lindas presentes ou ausentes.
Para aqueles a quem sempre digo, para aqueles a quem falo somente as vezes e, também para aqueles a quem nunca pronunciei, EU TE AMO! E quero repetir isso todos os dias da minha vida, ao menos em minhas orações.
Ainda, quero dizer da admiração que me causa alguém especial: meu namorado!!! Meu amigo que tem sido de uma presença constante, em quem eu confio as minhas lágrimas e o meu riso, um companheiro sem igual que mesmo que não estejamos mais um dia juntos, vou continuar a admirá-lo e repetindo: TE AMO!

Josiane Canterle - 20 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Lua e Mar

Carinho e atenção para ser feliz
É disso que sobrevive a felicidade
Vê o mar como fica raivoso
Quando da lua sente saudade

Lua e mar, o encontro na areia
O carinho da água nas escamas da seria
Ou seria o mar refrescando o que incendeia
Do fogo que a lua provoca na areia?

Inseparavelmente separáveis
Assim são lua e mar
Quanto mais clara a lua fica
Mais o mar a tenta beijar
Mas a lua só ilumina
É impossível tocar
Mas o mais impossível é
Separar lua e mar.

Por Josiane Canterle, escrito em 04 de março de 2010
Musica Mar e Lua - Chico Buarque de Holanda

domingo, 11 de julho de 2010

O fim e o Tempo


Foi o final de um tempo bom


Tempo que como todo tempo


Passou e permaneceu no tom


Exato, certo, violento.





Afinal foi o tempo que parou


Ou foi eu quem passou?


Tão rápido, tão frágil, tão só


Com o vento voou.





E o vento do tempo rodou


Rodou a roda da vida


Girou uma volta e voltou


Ao ponto de partida.





Quem o vento trouxe partiu


No seu lugar nem o vento ficou


A última lágrima caiu


Onde nunca ninguém notou.

por Josiane Canterle

Novas Estações

Estação saudade
na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.

Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

Que saudade...
(Mário Quintana)

sábado, 5 de junho de 2010

Eterno


Em pequenas coisas te encontro, grande homem
Homem lindo que tem muito mais que músculos pelo corpo
Ah, sim ,também tem pêlos, pele, cheiro e cérebro!
O cérebro é a parte que mais me encanta, me devoto.

Não precisas repetir palavras românticas e frases feitas
Me deixas cada dia mais apaixonada  pelos teus silêncios
Ouço os olhares, o percorrer das mãos, o roçar da língua
Ouço extasiada o pulsar e o arfar dos pulsos sôfregos.

Me encantas pelo que és. É essa racionalidade que me intimida
Me domina e me possui. Me faze tua por inteiro!
Não me canso de te olhar e tua lembrança não é esquecida
És presença constante, e por mais que o tempo ande
E que o vento te leve para longe, és parte da minha vida.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CASCA

Por Josiane Canterle

Criei uma casa para morar
Não, não errei, é casca mesmo, não casa
Criei uma casca para morar
Não saio debaixo dela mesmo com asas
Nem dentro de casa eu consigo tirar.

Casca dura, grossa, densa
Que só eu posso quebrar
Eu só peço que me esqueça
Se amor não puder dar

Prefiro minha casca
Ela me machuca, mas eu suporto a dor
Eu sou a minha casca
Não me arranho com o espinho da flor

Eu, minha casca na noite
Não me desfaço nem para dormir
Minha casca, minha máscara
Uso sempre quando quero sorrir

E quando quero chorar
E quando quero fugir
E quando quero amar
E quando quero sentir

Minha casca-máscara
Esta noite me faça companhia
Que sou só e fraca
Gelada na solidão fria.

domingo, 23 de maio de 2010

TODAVIA CANTAMOS

Todavía cantamos
Victor Heredia
Idioma original: ESP

Todavía cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos,
a pesar de los golpes
que asestó en nuestras vidas
el ingenio del odio
desterrando al olvido
a nuestros seres queridos.
Todavía cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos;
que nos digan adónde
han escondido las flores
que aromaron las calles
persiguiendo un destino
¿Dónde, dónde se han ido?
Todavía cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos;
que nos den la esperanza
de saber que es posible
que el jardín se ilumine
con las risas y el canto
de los que amamos tanto.
Todavía cantamos, todavía pedimos,
todavía soñamos, todavía esperamos;
por un día distinto
sin apremios ni ayuno
sin temor y sin llanto,
porque vuelvan al nido
nuestros seres queridos.
Todavía cantamos, todavía pedimos,
Todavía soñamos, todavía esperamos...

sábado, 15 de maio de 2010

Estudar para não pensar


Por Josiane Canterle
O que me resta nesta vida se não estudar e estudar...
Estudar para ocupar a mente e não ficar viajando com a realidade.
Estudar por não ter grana para ir ao bar beber.
Estudar por o mundo estar ocupado demais pra me deixar outras possibilidades.
Estudar, estudar, estudar...
E depois que eu acabar de estudar, vai ter mais algo a estudar para ocupar meu tempo.
E quando eu não agüentar mais de tanto estudar vou pensar em tudo o que estudei.
Vou lembrar que fiquei horas olhando para as letras e elas não me diziam nada.
Vou constatar que muito pouco ficou de tudo o que fiz, por que eu fiz pouco.
Mas é inegável o bem que me fez: me libertou da realidade mascarada.
As máscaras caem, os rostos aparecem e tudo tem um por quê.
Deve haver um por quê estudar!



segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sentir o Sabor

Em uma visita habitual no meu blog senti a falta de um texto de minha autoria.
Ultimamente as postagens são de texto que leio em outros blogs, ou são letras de músicas, ou são poemas, enfim, coisas que gosto de ler e sentir mas que não são pensamentos próprios.

Hoje, especialmente, como em todos os dias desta semana, estou atarefadíssima com o que tenho para fazer na faculdade, seja em pesquisa ou trabalho prático. E porque estou escrevendo? Por que me deu vontade! Tem coisa melhor do que escrever o que dá vontade e quando dá vontade?!?!?!

Apesar de que nos últimos tempos a vida tenha me dado imensos motivos para desanimar hoje estou cheia de vida e esperança. Confesso que as vezes até desanimo, mas hoje percebo que tem acontecido tantas coisas boas também, que superam as menos boas. Mais uma vez volto a acreditar que tudo é da forma que tem que ser, que Deus escreve certo por linhas tortas, como sempre aconteceu comigo.

Não sei nem explicar ao certo como eu vim parar aqui nesta cidade, mas foi em um momento em que tudo parecia fora do lugar: pais separando, mãe doente, problemas financeiros etc. Resumidademente, recebi de presente uma vida, uma oportunidade que raras pessoas para perceber a vida de uma forma diferente, sentindo-a ao poucos, como em doses homeopáticas, gota por gota de ensinamento, e foi aí que entendi que quanto mais eu sabia, mais havia pra saber!

O tempo me fez perceber que eu estou conquistando tudo o que eu sempre sonhei, as coisas que desejei, só não estão sendo como eu planejei, porque com os meus planos seria fácil demais.

A vida precisa de tempero e para achar a medida certa é preciso experimentar até dar o ponto ideal. Acertar o sal, a pimenta, a cebola, o alho, se coloca tomates, mangericão, orégano ou louro... são tantos os temperos possíveis de infinitas combinações que proporcionam tantos sabores. Delícia!

Assim é que sinto em mim a vida, ora amarga, ora doce, só não pode ser sem sabor algum!
Tenho certeza que na próxima curva vou encontrar um novo tempero para combinar com este prato!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Enfim, uma rede pública de televisão: nasce a RNCP

Enfim, uma rede pública de televisão: nasce a RNCP
Formada pelos quatro canais próprios da EBC, por sete emissoras universitárias e por 15 emissoras públicas estaduais, a RNPC levará a programação da TV Brasil para cerca de 100 milhões de brasileiros, de 23 estados.
“Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, publico e estatal”.

O que o princípio da complementaridade pretendia era direcionar as novas outorgas e as renovações de concessões de radiodifusão no sentido do equilíbrio entre os sistemas privado, publico e estatal. Acreditava o constituinte ser esta uma das maneiras de garantir a democratização do setor.

Em depoimento na Subcomissão de Rádio e Televisão da Comissão de Educação do Senado Federal, em setembro de 1999, assim se expressou o Relator do tema na Constituinte, o então Deputado Federal Artur da Távola, hoje, infelizmente, já falecido:

“Durante a Constituinte, toda a disputa se estabeleceu em tomo do Conselho (de Comunicação Social). (...) Eu era o Relator da matéria e considerava que o mais importante era algo que significasse a democratização na outorga dos canais. (...) E eu defendia a tese de haver um equilíbrio na concessão. Parecia-me que, havendo um equilíbrio na concessão, se alcançaria o pressuposto da democratização nos meios de informação” (disponível em
http://legis.senado.gov.br/sil-pdf/Comissoes/Permanentes/CESRTV/Atas/19990909RO004.pdf ).

O artigo 223, como se sabe, nunca foi regulamentado pelo Congresso Nacional. E até a criação da Empresa Brasil de Comunicação, EBC, pelo Decreto nº 6.246 e a MP 398, ambos de outubro de 2007 (depois convertidos na Lei nº 11.652, de 7 de abril de 2008), não tínhamos sequer uma positivação do que seria um sistema público de radiodifusão. A partir daí, passou a ser possível pensar-se na implementação do princípio constitucional da complementaridade na radiodifusão.

Leia mais no site Carta maior

QUANDO O PRÓPRIO AMOR VACILA

Eu sei que atrás deste universo de aparências,
das diferenças todas,
a esperança é preservada.

Nas xícaras sujas de ontem
o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir,
e dela não me conformo.

Eu acredito em tudo,
mas eu quero você agora.

Eu te amo pelas tuas faltas,
pelo teu corpo marcado,
pelas tuas cicatrizes,
pelas tuas loucuras todas, minha vida.

Eu amo as tuas mãos,
mesmo que por causa delas
eu não saiba o que fazer das minhas.

Amo teu jogo triste.

As tuas roupas sujas
é aqui em casa que eu lavo.

Eu amo a tua alegria.

Mesmo fora de si,
eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido,
se a maré das circunstâncias
não tivesse te banhado
nas águas do equívoco.

Eu te amo nas horas infernais
e na vida sem tempo, quando,
sozinha, bordo mais uma toalha
de fim de semana.

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas
e pelos teus sonhos inúteis.

Amo teu sistema de vida e morte.

Eu te amo pelo que se repete
e que nunca é igual.

Eu te amo pelas tuas entradas,
saídas e bandeiras.

Eu te amo desde os teus pés
até o que te escapa.

Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras,
ainda que seja através delas
que eu me defenda,
quando digo que te amo
mais que o silêncio dos momentos difíceis,
quando o próprio amor
vacila.

sábado, 24 de abril de 2010

Millôr Fernandes

O pensamento de FHC analisado por Millôr Fernandes

LIÇÃO PRIMEIRA
De uma coisa ninguém podia me acusar — de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD). Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher. Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes (“A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida”, segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-DOI-CODI.
Quando, afinal, arranjei o tal Opus Magno — Dependência e Desenvolvimento na América Latina — tive que dar a mão à palmatória. O livro é muito melhor do que eu esperava. De deixar o imortal Sir Ney morrer de inveja. Sem qualquerpartipri, e sem poder supervalorizar a obra, transcrevo um trecho, apanhado no mais absoluto acaso, para que os leitores babem por si:
“É evidente que a explicação técnica das estruturas de dominação, no caso dos países latino-americanos, implica estabelecer conexões que se dão entre os determinantes internos e externos, mas essas vinculações, em que qualquer hipótese, não devem ser entendidas em termos de uma relação “casual-analítica”, nem muito menos em termos de uma determinação mecânica e imediata do interno pelo externo. Precisamente o conceito de dependência, que mais adiante será examinado, pretende outorgar significado a uma série de fatos e situações que aparecem conjuntamente em um momento dado e busca-se estabelecer, por seu intermédio, as relações que tornam inteligíveis as situações empíricas em função do modo de conexão entre os componentes estruturais internos e externos. Mas o externo, nessa perspectiva, expressa-se também como um modo particular de relação entre grupos e classes sociais de âmbito das nações subdesenvolvidas. É precisamente por isso que tem validez centrar a análise de dependência em sua manifestação interna, posto que o conceito de dependência utiliza-se como um tipo específico de “causal-significante’ — implicações determinadas por um modo de relação historicamente dado e não como conceito meramente “mecânico-causal”, que enfatiza a determinação externa, anterior, que posteriormente produziria ‘conseqüências internas’.”

Concurso – E-mail:

Qualquer leitor que conseguir sintetizar, em duas ou três linhas (210 toques), o que o ociólogo preferido por 9 entre 10 estrelas da ociologia da Sorbonne quis dizer com isso, ganhará um exemplar do outro clássico, já comentado na primeira parte desta obra: Brejal dos Guajas — de José Sarney.


LIÇÃO SEGUNDA
Como sei que todos os leitores ficaram flabbergasted (não sabem o que quer dizer? Dumbfounded, pô!) com a Lição primeira sobre Dependência e Desenvolvimento da América Latina, boto aqui outro trecho — também escolhidoabsolutamente ao acaso — do Opus Magno de gênio da “profilática hermenêutica consubstancial da infra-estrutura casuística”, perdão, pegou-me o estilo. Se não acreditam que o trecho foi escolhido ao acaso, leiam o livro todo. Vão ver o que é bom!
Estrutura e Processo: Determinações Recíprocas
“Para a análise global do desenvolvimento não é suficiente, entretanto, agregar ao conhecimento das condicionantes estruturais a compreensão dos ‘fatores sociais’, entendidos estes como novas variáveis de tipo estrutural. Para adquirir significação, tal análise requer um duplo esforço de redefinição de perspectivas: por um lado, considerar em sua totalidade as ‘condições históricas particulares’ — econômicas e sociais — subjacentes aos processos de desenvolvimento no plano nacional e no plano externo; por outro, compreender, nas situações estruturais dadas, os objetivos e interesses que dão sentido, orientam ou animam o conflito entre os grupos e classes e os movimentos sociais que ‘põem em marcha’ nas sociedades em desenvolvimento. Requer-se, portanto, e isso é fundamental, uma perspectiva que, ao realçar as mencionadas condições concretas — que são de caráter estrutural — e ao destacar os móveis dos movimentos sociais — objetivos, valores, ideologias —, analise aquelas e estes em suas relações e determinações recíprocas. (…) Isso supõe que a análise ultrapasse a abordagem que se pode chamar de enfoque estrutural, reintegrando-a em uma interpretação feita em termos de ‘processo histórico’ (1). Tal interpretação não significa aceitar o ponto de vista ingênuo, que assinala a importância da seqüência temporal para a explicação científica — origem e desenvolvimento de cada situação social — mas que o devir histórico só se explica por categorias que atribuam significação aos fatos e que, em conseqüência, sejam historicamente referidas.
(1) Ver, especialmente, W. W. Rostow, The Stages of Economic Growth, A Non-Communist Manifest, Cambridge, Cambridge University Press, 1962; Wilbert Moore, Economy and Society, Nova York, Doubleday Co., 1955; Kerr, Dunlop e outros, Industrialism and Industrial Man, Londres, Heinemann, 1962.”

Comentário do Millôr, intimidado:
A todo momento, conhecendo nossa precária capacitação para entender o objetivo e desenvolvimento do seu, de qualquer forma, inalcançável saber, o professor FhC faz uma nota de pata de página. Só uma objeçãozinha, professor. Comprei o seu livro para que o senhor me explicasse sociologia. Se não entendo o que diz, em português tão cristalino, como me remete a esses livros todos? Em inglês! Que o senhor não informa onde estão, como encontrar. E outra coisa, professor, paguei uma nota preta pelo seu tratado, sou um estudante pobre, não tenho mais dinheiro. Além do que, confesso com vergonha, não sei inglês. Olha, não vá se ofender, me dá até a impressão, sem qualquer malícia, que o senhor imita um velho amigo meu, padre que servia na Paróquia de Vigário-Geral, no Rio. Sábio, ele achava inútil tentar explicar melhor os altos desígnios de Deus pra plebe ignara do pequeno burgo e ensinava usando parábolas, epístolas, salmos e encíclicas. E me dizia: “Millôr, meu filho, em Roma, eu como os romanos. Sendo vigário em Vigário-Geral, tenho que ensinar com vigarice”.

LIÇÃO TERCEIRA
Há vezes, e não são poucas, em que FhC atinge níveis insuperáveis. Vejam, pra terminar esta pequena explanação, este pequeno trecho ainda escolhido ao acaso. Eu sei, eu sei — os defensores de FhC, a máfia de beca, dirão que o acaso está contra ele. Mas leiam:
“É oportuno assinalar aqui que a influência dos livros como o de Talcot Parsons, The Social System, Glencoe, The Free Press, 1951, ou o de Roberto K. Merton, Social Theory and Social Structure, Glencoe, The Free press, 1949, desempenharam um papel decisivo na formulação desse tipo de análise do desenvolvimento. Em outros autores enfatizaram-se mais os aspectos psicossociais da passagem do tradicionalismo para o modernismo, como em Everett Hagen, On the Theory of Social Change, Homewood, Dorsey Press, 1962, e David MacClelland, The Achieving Society, Princeton, Van Nostrand, 1961. Por outro lado, Daniel Lemer, em The Passing of Traditional Society: Modernizing the Middle East, Glencoe, The Free Press, 1958, formulou em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento, o enfoque do tradicionalismo e do modernismo como análise dos processos de mudança social”.
Amigos, não é genial? Vou até repetir pra vocês gozarem (no bom sentido) melhor: “formulou (em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento) o enfoque (do tradicionalismo e do modernismo) como análise (dos processos de mudança social)”.

Formulou o enfoque como análise!
É demais! É demais! E sei que o vosso sábio governando, nosso FhC, espécie de Sarney barroco-rococó, poderia ir ainda mais longe.
Poderia analisar a fórmula como enfoque.
Ou enfocar a análise como fórmula.
É evidente que só não o fez em respeito à simplicidade de estilo.
Tópico avulso sobre imodéstia e pequenos disparates do eremita preferido dos Mamonas Assassinas.
Vaidade todos vocês têm, não é mesmo? Mas há vaidades doentias, como as das pessoas capazes de acordar às três da manhã para falar dois minutos num programa de tevê visto por exatamente mais ou menos ninguém. Há vaidades patológicas, como as de Madonas e Reis do Roque, só possíveis em sociedades que criaram multidões patológicas.
Mas há vaidades indescritíveis. Vaidade em estado puro, sem retoque nem disfarce, tão vaidade que o vaidoso nem percebe que tem, pois tudo que infla sua vaidade é para ele coisa absolutamente natural. Quem é supremamente vaidoso, se acha sempre supremamente modesto. Esse ser existe materializado em FhC (superlativo de PhD). Um umbigo delirante.
O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal — se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta — e fala pessimamente — seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesma, é considerado o maior sociólogo brasileiro.
Nunca vi nada que ele fizesse (Dependência e Desenvolvimento na América Latina, livro que o elevou à glória, é apenas um Brejal dos Guajas, mais acadêmico) e dissesse que não fosse tolice primária. “Também tenho um pé na cozinha”, “(os brasileiros) são todos caipiras”, “(os aposentados) são uns vagabundos”, “(o Congresso) precisa de uma assepsia”, “Ser rico é muito chato”, “Todos os trabalhadores deviam fazer checape”, “Não vou transformar isso (a moratória de Itamar) num fato político”. “Isso (a violência, chamada de Poder Paralelo) é uma anomia”. E por aí vai. Pra não lembrar o vergonhoso passado, quando sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo, antes de ser derrotado por Jânio Quadros, segundo ele “um fantasma que não mete mais medo a ninguém”.
Eleito prefeito, no dia seguinte Jânio Quadros desinfetou a cadeira com uma bomba de Flit.
E, sempre que aproxima mais o país do abismo no qual, segundo a retórica política, o Brasil vive, esse FhC (superlativo de PhD) corre à televisão e deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta), quem conduziu o Brasil à salvação definitiva e à glória eterna. E que todos querem ouvi-lo mais uma vez no Hosana e na Aleluia. Haja!

http://esquerdopata.blogspot.com/2010/04/o-pensamento-de-fhc-analisado-por.html

sexta-feira, 9 de abril de 2010

LUA ADVERSA


Lua adversa
Cecília Meireles

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...



COMENTÁRIO: EU SOU UMA LUA ADVERSA, CHEIA DE CONFLITOS, CHEGADAS, PARTIDAS, MUITAS FASES, MUITO COMPLEXAMENTE SIMPLES, SE VOCÊ CONSEGUIR ME ENTENDER.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

DECLARAÇÃO DE AMOR E MEDO

O meu jeito é meio estranho
Ninguém me entende, sou sozinha
Se digo que amo, riem de mim
Se digo o que penso, não vale nada.
De que vale a vida se não dá pra sonhar
Se não dá pra amar...
Incompreendida!
Das palavras que escrevo surgem dúvidas
Sim, não sou racional
Não sei pensar antes de sentir
O meu sentimento é maior do que eu
O meu amor é maior do que eu
O amor que sinto por você é muito maior
Disso você jamais poderá duvidar
Que te amei, te desejei todos os dias
Te fiz retrato em meus pensamentos
Perfume em minha cama para adormecer
sem teus braços quando não estavas aqui
Te quis tanto, que te deixei livre
E agora posso te perder
Tentei imaginar esse momentos tantas vezes
Mas não sou criativa para finais tristes
E será muito triste eu sem você
Eu serei triste sem te ter
Quero continuar sendo feliz
Ter a mão mais afável que já conheci
O melhor carinho, o companheiro
Será eterno, pra todo sempre te levarei comigo
E se você me permitir, te levo inteiro
E não somente na lembrança do que fui
E se me perguntarem o que fui
Direi: Feliz!
Porque encontrei um amor único, irrepetível!

sábado, 3 de abril de 2010

CECÍLIA MEIRELES

Canção do Sonho Acabado

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...


A CECÍLIA NÃO QUIZ MAIS, EU, JOSI, QUERO MUITO MAIS!!!!!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

AINDA NÃO PASSOU - Nando Reis


Triste é não chorar
Sim, eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!

Triste é não chorar
Sim, eu também chorei
E não, não há nenhum remédio
Pra curar essa dor
Que ainda não passou
Mas vai passar!
A dor que nos machucou
E não, não há nenhum relógio
pra fazer voltar... O tempo voa!

Eu não suporto ver você sofrer
Não gosto de fazer ninguém querer se abster do
passado
E o que passou, passou
E o que marcou, ficou
Se diferente eu fosse será que eu teria sido amado
Por você, por você.

domingo, 28 de março de 2010

PESSOA ERRADA

Pensando bem em tudo o que a gente vê e vivencia
e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.
Existe uma pessoa que se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho!
Chega na hora certa, fala as coisas certas,
faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça, perder a hora, morrer de amor...
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar
que é pra na hora que vocês se encontrarem
a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono.
Essa pessoa talvez te magoe e depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você.
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo,
porque a vida não é certa.
Nada aqui é certo!
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo,
querendo,conseguindo...
E só assim, é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo"
Quando na verdade, tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra
gente...
Luis Fernando Veríssimo

DEVANEIOS

Segue a vida, segue a seco, seguem os dias convulsivos e coléricos um após o outro sem parar.

As vezes me embriago de alegria, outras de cerveja, outras tantas nem sei de quê.

A embriagues não escolhe o dia ou a noite ou o por-do-sol, ela só acontece quando eu nem tenho vontade.

Se me perguntares se hoje estou embriagada responderei sim: de sono.

Ontem, ou até há poucas horas, estava embriagada de alegria convulsiva intensa.

Mesmo na louca embriagues das luz e do som muito estridente aos meus ouvidos, pude ouvir clamores de corações partidos, de tristeza que me fez mais triste e novamente me embriaguei. A indignação e a desconfiança ( ou a confiança por ser quebrada) me pegou forte e me tomou violenta como uma ânsia, perto do vomitar... nojo!

Algo me impediu de vomitar, ainda não sei o quê, só não posso olhar, tenho nojo. Não deveria ser assim. A embriagues é uma coisa boa, faz esquecer tudo e todos que não me fazem bem.

Isso não ficará assim... a história não chegou ao fim e eu ainda tenho muito o que escrever.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Está chegando a hora e o nervosismo está batendo à porta. Mas o tempo não fez eu me esquecer o que me trouxe até aqui e é por isso que eu não vou desistir agora. Percebi isso na minha ânsia de que esse nervosismo passasse enquanto eu estivesse com meu violão. As canções me fizeram lembrar que não por acaso que estou concluindo minha faculdade, e esta faculdade que a princípio eu não queria, mas que está me abrindo as portas de que eu preciso para ir em busca das coisas que sempre acreditei: um mundo mais justo e humano!!!! É por isso que sigo em frente e não posso parar, se só ou acompanhada, os companheiros se fazem na estrada, e na mesma estrada se perdem. Eu não vim até aqui para desistir agora.

ATÉ O FIM - Hengenheiros do Havaí

Intro G Em7 Bm D
 
G               Em7         Bm    D
 Não vim até aqui pra desistir agora 
G          Em7                Bm    D
 Entendo você se você quiser ir embora
G                   Em7
 Não vai ser a primeira vez
       A         C
 Nas últimas 24 horas
G                   Em7            Bm   D
 Mas eu não vim até aqui pra desistir agora
 
C         D              C
 Minhas raízes estão no ar 
            D              C
 Minha casa é qualquer lugar
                D                Em Em9 Em
 Se depender de mim eu vou até o fim
C              D    
 Voando sem instrumentos 
C      D
 Ao sabor do vento 
C               D                Em Em9 Em
 Se depender de mim eu vou até o fim
C  D      G
     Até o fim

quinta-feira, 11 de março de 2010

interessante

Lendo Luiz Fernando Veríssimo encontrei esta pérola que diz tudo sobre a vida das pessoas realmente felizes. Será que sou feliz?! hauhauaha

Mas eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo.

Luis Fernando Veríssimo

INFINITO NADA PARTICULAR

Hoje me dei por conta que nada havia eu falado sobre o nome do meu blog. Infinito nada particular surgiu da linda música “Infinito particular” da cantora Marisa Monte, da qual sou fã, claro.
A letra da música fala de alguém que quer ser conhecida em suas infinitas particularidades que a aparência retrata e esconde.
Em se tratando de um blog pessoal, meu infinito particular fica a disposição de todos. Contudo, o que posto aqui é só uma parte de mim: a que quero mostrar! A outra parte, é mistério.

Apresento pra vocês a letra que inspirou o nome do meu blog.




Infinito Particular
Marisa Monte
Composição: Arnaldo Antunes, Marisa Monte, Carlinhos Brown

Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível
Eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil
Pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara
É só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável
Daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar
No meu infinito particular

terça-feira, 9 de março de 2010

ACREDITO NAS PALAVRAS DO POETA E NO AMOR, TAL QUAL CANTA MILTON

Quem sabe isso quer dizer amor
Milton Nascimento
Composição: Márcio Borges e Lô Borges

Cheguei a tempo de te ver acordar
Eu vim correndo à frente do sol
Abri a porta e antes de entrar
Revi a vida inteira
Pensei em tudo que é possível falar
Que sirva apenas para nós dois
Sinais de bem, desejos vitais
Pequenos fragmentos de luz
Falar da cor dos temporais
Do céu azul, das flores de abril
Pensar além do bem e do mal
Lembrar de coisas que ninguém viu
O mundo lá sempre a rodar
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer
Pensei no tempo e era tempo demais
Você olhou sorrindo pra mim
Me acenou um beijo de paz
Virou minha cabeça
Eu simplesmente não consigo parar
Lá fora o dia já clareou
Mas se você quiser transformar
O ribeirão em braço de mar
Você vai ter que encontrar
Aonde nasce a fonte do ser
E perceber meu coração
Bater mais forte só por você
O mundo lá sempre a rodar,
E em cima dele tudo vale
Quem sabe isso quer dizer amor,
Estrada de fazer o sonho acontecer

sexta-feira, 5 de março de 2010

MEU NOME

SIGNIFICADO DO NOME JOSIANE - SUA MARCA NO MUNDO!
OUSADIA,ESPÍRITO COMPETITIVO,INDEPENDÊNCIA,FORÇA DE VONTADE,ORIGINALIDADE
Independente e dinâmico são características de um líder, e é desta forma que é visto. É necessário à pessoa desta personalidade agir com tato, diplomacia e paciência, evitando de ser vista como egoísta ou autoritária. Com frequência é procurada para assumir projetos e empreendimentos pois sua autoconfiança e facilidade em enfrentar os obstáculos são qualidades notórias, e as pessoas acreditam na sua eficiencia em tomar conta das situações. É o tipo de pessoa que não se deixa afetar quando existe oposição à suas idéias ou ações. Por agir com equilibrio sempre tem o apoio dos que o seguem e acreditam na sua liderança. Para alcançar a vibração positiva que emana do número 1 é preciso concentrar-se em atingir seu objetivo, coisa que costuma fazer com muita originalidade. Personalidades deste número são rapidamente notados pois conquistam facilmente a todos e costumam ser o centro das atenções.

JOSIANE = JOSÉ + ANA
José: Significa Deus acrescenta e indica uma pessoa sensível, confiante e generosa, que sofre com os problemas alheios. É muito conciliador e conserva o autocontrole mesmo nas piores situações. (hebraico) Yoseph, aquele que acrescenta.

Ana - (Hebraico) - Hannah, cheia de graça, a benéfica.


ENFIM, QUEM ME CONHECE SABE QUEM SOU... E AGORA, SABE SOBRE O MEU NOME.

quarta-feira, 3 de março de 2010

"Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo." Ghandi

Dia 8 de Março - o mundo rende homenagem às mulheres mas não as iguala aos homens


8 de Março
Dia Internacional de Luta das Mulheres

O Dia Internacional da Mulher tem origem em uma greve, que aconteceu em Nova Iorque, em 1857, onde 129 operárias morreram depois dos patrões terem incendiado a fábrica ocupada por elas. A ONU institui a década da mulher de 1975 a 1985 e permite o reconhecimento do 08 de março como o seu dia. Logo após, em 1977, a Unesco oficializa este dia como o Dia da Mulher, fazendo referência às 129 operárias queimadas vivas.

A origem do 08 de março está associada a um conjunto de fatos, acontecimentos e lutas contra a exploração dos patrões, contra o machismo, contra a desigualdade social entre mulheres e homens, mais especificamente contra a violência do agronegócio, do latifúndio, dos monocultivos, que se aproveitam das desigualdades criadas historicamente e culturalmente para continuar impondo sobre as mulheres uma dupla carga de opressão/exploração.

O 08 de março foi e continua sendo para os movimentos de mulheres a luta por novas relações de gênero e classe, direitos sociais, políticas publicas e transformação social. O 08 de março vem sendo construído em todos os lugares por mãos de muitas mulheres lutadoras que desejam e sonham com uma vida justa, baseada na igualdade.

....................................................................................................... Leia mais

Equipe de Comunicação
MMC- Brasil

domingo, 28 de fevereiro de 2010

MINHAS POESIAS/CARTAS DE AMOR

Por incentivo de um amigo querido resolvi me reencontrar com as poesias, ou melhor, com as minhas poesias.
Primeiramente resolvi procurar as poesias que havia escrito e estavam perdidas pelos cadernos da faculdade e digitalizá-las. Depois, reencontrei uma antiga agenda que utilizei por anos para guardar minhas poesias e contos ou crônicas.
Mas foi inevitável lembrar-me da poesia de Fernando Pessoa, não pela minha forma de escrever... que seria uma pretensão descabida, mas por ter por tema o amor e minhas relações amorosas. A grande maioria das poesias que reencontrei são marcas da minha vida amorosa, de solidão, felicidade, tristeza e todos os sentimentos imagináveis que as relações amorosas possam causar.
O que me fez lembrar de Fernando Pessoa foi por estas poesias serem como cartas guardadas, cartas de amor. E, em relação às cartas de amor, sabiamente o poeta escreveu:

Todas as cartas de amor...

Fernando Pessoa
(Poesias de Álvaro de Campos)


Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)


Álvaro de Campos, 21/10/1935




Posso dizer, parafraseando o poeta, que minhas poesias são de palavras esdrúxulas, como os sentimentos exdrúxulos, são naturalmente ridículas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PINTURA ÍNTIMA

Escuridão dos meus dias
Vodka e Tequila me embalam
Ritmo louco que, sim, sou eu
Sou além do que falam

Os cabelos desgrenhados
Não reconheço a imagem
Picasso? Portinari?
todo um vernissage

Tarsila ou Toquinho reconheceria
Nos versos de Drumond a pintura
Belo ou feio é heresia
O que importa é ver de alma pura

Sentir o álcool nos olhos
Tocar a noite com as veias
Desenhar um céu de apocalipse
Saber o quanto me incendeias

domingo, 21 de fevereiro de 2010

ME IDENTIFICO II

Fernando Pessoa
Deixei atrás os erros do que fui

Deixei atrás os erros do que fui,
Deixei atrás os erros do que quis
E que não pude haver porque a hora flui
E ninguém é exato nem feliz.
Tudo isso como o lixo da viagem
Deixei nas circunstâncias do caminho,
No episódio que fui e na paragem,
No desvio que foi cada vizinho.

Deixei tudo isso, como quem se tapa
Por viajar com uma capa sua,
E a certa altura se desfaz da capa
E atira com a capa para a rua.

ME IDENTIFICO I


SIMULTANEIDADE

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.

Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo (Poesia Completa, p. 535)

Me envaidesse

Não me recordo a data, mas já há alguns meses, recebi um lindo poema de uma dos maiores poetas que o mundo já viu: Pablo Neruda.
O poema é simples e complexo, ou convexo, não sei explicar. Sei o que senti, e isso posso resumir assim chamando, vaidade.

Eis que apresento o motivo de minha vaidade.

Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas pernas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

ORVALHO E UTOPIAS

Há poucos dias me vi em um dilema, algo que ainda não havia me ocorrido: não acreditava em mais nada!
Vi os meus sonhos, minhas utopias para melhor dizer, evaporarem como o orvalho ao sol. Contudo não foi uma evaporação delicada como o tocar dos raios de sol no orvalho, foi violento como um terremoto que deixa tudo aos cacos e os cacos viram pó.
Mas derrepente, e não mais que derrepente, ao ler poesias para alegrar a amargura de mais uma noite, me deparo com as palavras mágicas do menino poeta que mudou tudo novamente. Eis o que o “poetinha” proferiu:

DAS UTOPIAS

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

E assim como o evaporar do orvalho iluminado pelo sol, senti a utopia ressurgir em mim, alimentar meus sonhos, iluminar meus caminhos.
Dessa vez foi o silencio da noite que me tocou com o orvalho... e espero que ele surja misteriosamente e evapore no calor da vida sempre... que os orvalhar de meus olhos tristes seja para o nascer de um novo sol uma deliciosa bebida. Utopias.