domingo, 21 de fevereiro de 2010

Me envaidesse

Não me recordo a data, mas já há alguns meses, recebi um lindo poema de uma dos maiores poetas que o mundo já viu: Pablo Neruda.
O poema é simples e complexo, ou convexo, não sei explicar. Sei o que senti, e isso posso resumir assim chamando, vaidade.

Eis que apresento o motivo de minha vaidade.

Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas pernas?
que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
por um so mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
e o fogo genital transformado em delícia
corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

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